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23 de março de 2011

EU

Enquanto todos pareciam absortos em fazer algo de suas vidas, aquele homem permanecia concentrado em questões metafísicas. Enquanto todos se perguntavam como fazer algo, ele se perguntava o porque de fazer qualquer coisa.

Enquanto todos colhiam sentimentos e sensações daquilo que experimentavam com todos os seus órgãos sensitivos, ele analisava as motivações e implicações de cada coisa que observava. Enquanto todos se moviam, ele permanecia imóvel por não saber sequer porque deveria desejar se mover. Enquanto todos riam, ele não entendia o motivo do riso.

Aquele homem era solitário e via o mundo como um mistério insolúvel. Nada fazia muito sentido para ele, e por isso mesmo, nada lhe provocava desejo. E sem desejo não havia paixão, e sem paixão não havia motivação, e sem motivação não havia ação, e sem ação nada ocorria.

Aquele homem era prisioneiro do pensamento abstrato, escravo de uma praticidade tão grande e ao mesmo tempo tão impotente diante da falta de significado das mais básicas ações do dia a dia. Aquele homem não sabia que viver.

Aquele homem sou eu.

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