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16 de maio de 2011

APOSTATA DA VIDA

Os dias tem sido dominados por uma luz amarelada. A atmosfera parece impregnada por poeira, e as pessoas todas parecem-se com inimigos. A vida é um deserto e tudo é áspero, seco e abrasivo. Bocas belicosas ferem minha alma com lanças invisíveis. Cordas que ninguém pode ver me atam à rocha nua de um chão imundo. Estou imobilizado.

As pessoas cospem em meu rosto, o sol castiga a minha pele, meu ódio só cresce dia após dia sem ter um alvo definido além de tudo o que me é externo. Odeio tudo o que não sou eu, pois tudo o que não sou eu me odeia em dobro.

Formigas picam minha carne, escorpiões ferroam os meus pés. Não há água que alivie minha sede ou pão que diminua minha fome. Os dias tornam-se longos e as noites curtas. O calor castiga meu corpo e minhas feridas são cobertas por moscas atraídas pelo odor de carne podre.

Algo se debate dentro de mim. Não é vontade de reagir, e sim de se entregar. Não é uma revolta que leva a mudança, mas sim uma revolta que leva a desistência e a estagnação. O que domina meu mundo interno não é esperança mas sim desespero.

Não há solução para meus problemas existenciais além daquela que está escondida dentro de mim mesmo. Não há analgésico para a minha dor a não ser aquele que minha alma pode fabricar. Não há alívio para meu cansaço a não ser aquele que advém da forma com que lido com o mundo. Não há esperança para o homem além daquela que sua mente pode compreender, assimilar e promover.

Não há para o homem nada de bom além daquilo que sua mente lhe permita perceber ou pensar. Infelizmente, minha mente parece estar quebrada.

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