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27 de dezembro de 2013

DESCONECTADO

De novo o Natal passou e mais uma virada de ano se aproxima. De novo aquele mesmo ritual de reflexão surge. A desconexão com o mundo, com as pessoas, com a sociedade, permanecem como uma barreira entre mim e todo o resto. E por que, se existem coisas boas na minha vida como minha esposa, minha família, meus amigos e minha saúde?

Moro em um lugar que não gosto, trabalho em um serviço que me desmotiva, com pessoas que não simpatizo, em um país que odeio, com uma cultura que não valorizo e em meio a um povo que julgo estúpido, sórdido, alienado, tolo, ignorante, mau e nocivo, que anda por ai em carros com o som "no talo" e que não se preocupam com o próximo mas sim com as celebridades - e consigo mesmos. Pessoas que se acham excelentes, baluartes da justiça e da educação que são, no máximo, elaborados embustes.

Mas eu ainda persisto. Por que?

O que me move se não uma esperança profundamente baseada na ?

Mas fé no que?

De que as coisas vão melhorar ou que eu vou mudar e não me importar mais com o que tanto me incomoda?

Não, não mudarei. Tão pouco julgo que o mundo vá mudar. As pessoas, idem.

Tudo permanecerá como está, degradando-se cada vez mais, caminhando ao inexorável destino da degradação completa do ser humano e da matéria.

Minha fé não repousa neste mundo e nem em qualquer conquista ou recompensa.

Sofro, choro, agonizo. Mas sei que isso terá um fim. Pois todo desatino, toda maldade, toda espera, toda dor, toda aflição serão sepultadas com meu corpo - ou melhor, queimadas, já que prefiro pensar que serei cremado.

Minha fé repousa no dia da minha morte e no que ocorrerá comigo após abandonar essa realidade.

Só me resta aguentar, suportar a tortura deste mundo, de ver pessoas comendo pessoas, de ver a crueldade cotidiana, mesquinha, gananciosa, opressora e silenciosa da qual ninguém se da conta correndo solta, de ver pessoas em pior estado do que eu, de ver o estimulante para o mal ser distribuído de graça em qualquer esquina, conversa, trajeto, trabalho, computador, revista e relacionamento.

Minha fé repousa na salvação de Deus, minha crença em Jesus Cristo, a quem me machuca envergonhar por todas as minhas falhas e pecados, mas que a cada dia vejo trabalhando em mim um pouco mais, me entristecendo e me  revoltando comigo mesmo, me incomodando com minhas fraquezas, me despertando para seus objetivos. Me preparando não para ser perfeito, mas para entender que a busca pela perfeição representada nEle é o que chamamos de caminho da santificação, e que nunca estaremos aptos ao reino dos céus por nós mesmos, mas sempre e unicamente porque Ele nos ama e nos ofereceu isso de graça.

Continue trabalhando em mim, Senhor. Cada dia que passa fico mais consciente de que em vida nunca serei perfeito como Jesus, e nunca deixarei de pecar. Mas coloco-me em suas mãos para ser moldado pela Sua vontade, pois como disse, toda a minha esperança repousa em Ti.

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