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18 de março de 2014

CONTAMINAÇÃO CULTURAL DA INTERPRETAÇÃO DA LEI

“O Batismo de Jesus Cristo”
Aert De Gelder
Olhar algo do passado com os olhos do presente sempre gera novas (e nem sempre corretas) interpretações. O quadro de Aert De Gelder nunca teve nenhuma interpretação diferente daquela que ele planejou, não até o ano de 1947, quando ocorreu o incidente com Kennet Arnold e a consequente inauguração da ufologia moderna, ou mais precisamente não até o surgimento da teoria dos alienígenas ancestrais em 1968 com o livro "Eram os Deuses Astronautas?", que aliás surgiu apenas devido os eventos de 1947.

De repente o disco celeste, iconografia recorrente aos artistas do período da obra para representar o divino, virou um disco voador - mesmo que seja obvio que o artista nunca esteve presente no evento, ocorrido milênios antes, ou sequer tenha afirmado ter alguma revelação divina sobre a ocasião.

A simples aparência, diante de informações atuais pós eventos de 1947 e 1968 ganhou um novo significado que não era em nada aquele que o artista desejava expressar. E este é um dos melhores exemplos de como a contaminação cultural temporal pode ocorrer, gerando novas interpretações do antigo sob a ótica do novo, mas sem um critério muito bem estabelecido além do simples empirismo.

Sem um estudo de contextualização, uma representação pode ser entendida de forma totalmente incorreta, levando uma peça que representaria um inseto ser reinterpretada como prova de tecnologia alienígena no passado por exemplo.



Engana-se aquele que julga que tal fenômeno é recente. De fato, a Bíblia demonstra que isso já ocorria, e com a própria Lei divina revelada por meio de Moisés. O que me leva a pensar se não seria isso um vício de pensamento humano, algo recorrente em nosso modo de pensar que o método científico, quer de uma forma ou de outra, pode de fato ajudar a solucionar.

Em mais uma pregação do meu pastor - Rubens Santos, titular da Igreja Batista Memorial do Centenário em Campinas – uma mensagem bastante interessante nos foi apresentada, ainda uma continuação das bem-aventuranças (Mateus 5).

Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
Mateus 5:21-22

Jesus mostra neste trecho que a lei era interpretada de uma forma muito dura e pesada pelo sistema religioso, de tal forma que nem os mestres da lei podiam cumprir. Em suma: a interpretação da lei era muito pesada, em demasia. Mas por que? Como se chegou a isso?

A lei foi manipulada, tornando-se não a vontade de Deus para o povo, mas sim numa mera tradição. Tornou-se em uma manifestação cultural passada de geração em geração (Ouvistes que foi dito aos antigos), mas durante as eras esse conhecimento foi interpretado e reinterpretado de acordo com as mudanças culturais pelas quais a sociedade judaica passou, algo totalmente fora da vontade de Deus e fruto do pecado do próprio povo - um desvio imenso da rota que Deus havia planejado para a salvação do ser humano. Mas quais mudanças foram essas?

Houveram inúmeras mudanças em Israel entre a revelação da Lei por meio de Moisés e a vinda de Jesus Cristo. Inúmeras misturas e choques culturais ocorreram devido às constantes invasões pelas quais o povo passou - persas, babilônios e romanos sendo os de maior destaque. As próprias sinagogas surgiram neste contexto de exílio e dominação, já que nestas ocasiões o povo judeu não tinha acesso ao Templo, seu local tradicional de adoração e sacrifício.

Sob inúmeras formas os judeus e toda a sociedade israelense sofreu severas mudanças de pensamento diante tantas dominações, e a forma como compreendiam inúmeras coisas foi alterada pouco a pouco. 

Jesus deixa claro não só nessa passagem como também em todos os seus ensinamentos que Deus não exigia e nem exige aquele peso compreendido por eles incorretamente - de acordo com suas tradições que sequer eram questionadas. Por que se a lei fosse segundo aquela compreensão, seria impossível de ser cumprida.

Jesus por outro lado explica o real significado da Lei, sendo portanto o filtro que todos nós precisamos para compreendê-la adequadamente - daí o termo "analisar o antigo testamento sob a ótica do novo" faz sentido.

Quando Jesus fala "eu porém vos digo" é o momento em que ele faz a "tradução" do que Deus realmente quer dizer com determinado trecho da Lei, seu verdadeiro princípio e significado, o verdadeiro espírito da lei. Há neste instante um RESGATE do significado da Lei.

Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou.
1 João 2:6

Esse trecho de 1 João diz que devemos viver como Jesus viveu. A esperança futura de sermos como  Ele - nosso alvo, nosso objetivo máximo - pode ocorrer de fato aqui e agora pois fica claro que devemos ser moralmente semelhantes à Jesus nas atitudes do dia-a-dia! Jesus deixou claro que Ele não veio para negar a Lei, mas para cumpri-la (como visto neste post). Não a lei interpretada de acordo com a visão distorcida da cultura humana, mas sim na sua mais sublime e pura essência: amor.

Cada momento e experiência de vida nos transforma e nos molda. Devemos trabalhar para orientar esta mudança em direção a Jesus.

E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
Romanos 8:28-29

Ao contrário que muitos pensam, isso não é um peso, mas sim um enorme e revigorante estímulo! A compreensão de que isso é um processo e que nenhuma mudança ocorre da noite pro dia exige de nós apenas humildade, pois afinal a mudança vêm por nossa mera vontade e persistência em permitir verdadeiramente que o Espírito Santo, a inspiração divina, nos mude de dentro para fora.

Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
2 Coríntios 3:18

As pequenas vitórias morais do dia a dia, como deixar de cobiçar um bem de outra pessoa, ou deixar de cobiçar uma mulher fora do casamento, ou deixar de ludibriar alguém em algum negócio, ou deixar de fazer o mal por negligência direta e consciente ou ação direta nos moldam pelo significado que elas ganham ao orientarmos isso tudo à santificação diária (fazermos o bem deixarmos de fazer o mal por amor a Jesus e a Deus), e não são destruídas pelas nossas falhas - que ocorrerão, pois somos todos pecadores.

Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas.
1 Pedro 2:21

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