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11 de janeiro de 2018

A NECESSIDADE DE EQUILIBRAR CONCEITOS


Voltar a escrever aqui me trouxe algum consolo. Perdi o hábito de escrever sobre o que se passa na minha cabeça e no meu coração conforme envelheci, seja porque alguns conflitos internos eu resolvi, seja porque passei a fazer uso de analgesias diversas para as dores da vida (dentre elas, Netflix é uma das mais poderosas).

Chego aos 40 anos (esse ano vou para 41) com uma sensação de que a vida não vale a pena ser vivida. Calma, não é para se preocupar tanto. Não vou tirar minha vida, nem desistir de nada. Afinal, 8 anos de terapia me ajudaram em algumas coisas, e hoje consigo manter sob controle qualquer impulso negativo grave.

Eu apenas vislumbro que, para a minha personalidade, as coisas ruins tem um peso muito maior do que as coisas boas. Uma coisa ruim tem peso 5 enquanto que uma coisa boa tem peso 1. Assim, se me acontecem 5 coisas boas e 1 coisa ruim, no panorama geral a balança de julgamento da minha vida tende a se equilibrar. Se 2 coisas ruins ocorrerem porém, a coisas descamba para uma avaliação ruim da minha vida, e é o que tem ocorrido comigo.

É claro que a realidade não pode ser vivenciada de maneira saudável por muito tempo dessa forma. Me forço a reavaliar as coisas e considerar que, apesar de toda a situação terrível que eu e minha esposa temos passado com o acidente de minha sogra, ainda temos muitos motivos para continuar em frente com esperança. Jesus é a maior de todas. Ele tem nos sustentado sobrenaturalmente nesses tempos difíceis.

O que eu preciso é mudar o foco. Focar nas coisas boas e não nas ruins, pelo menos não mais do que o necessário para avaliá-las na tentativa de resolvê-las. Como dizem, "o que não tem remédio, remediado está". Mas isso é um esforço racional. Emocionalmente a coisa é bem diferente.

A sensação emocional diante das coisas ruins que vem ocorrendo é a de afogamento em um oceano sem ondas de lágrimas sangrentas, sob um céu escuro, além de qualquer salvação ou ajuda, numa condenação eterna de dor crescente. É uma visão do inferno.

Não consigo deixar de temer pelo futuro. Como será daqui a alguns anos com minha sogra, quando o dia dela chegar? Ela vai partir tranquila e rapidamente ou vamos passar por todo esse sofrimento de novo? O que eu vou fazer quando eu e minha esposa ficarmos idosos (com uma aposentadoria ridícula), sem filhos para nos ajudar como nós estamos ajudando minha sogra? O que farei quando minha esposa pedir demissão do emprego para cuidar da mãe dela?

Deus nos fala em Matheus 6:34 que "Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal.". Nos conclama a negar a ansiedade descansar no fato de que Deus está no controle de tudo. Mas como fazer isso?

Submeter o emocional ao racional é um dos maiores desejos humanos, e não é diferente comigo.

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